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segunda-feira, 29 de março de 2010

Cultura de Paz

Autor: Wagner Pereira

Ao ingressar na Guarda Civil Metropolitana da Cidade de São Paulo em 1992, fiquei surpreso com o modelo de formação existente no extinto Departamento de Ensino, que buscava mesclar as ações operacionais com os princípios norteadores dos direitos humanos, buscando a instauração de uma filosofia humanista ao efetivo.

A proposta era despertar o interesse individual ao respeito à dignidade humana, impondo responsabilidade aos seus impulsos e emoções para promover a transformação coletiva e proporcionar um serviço de segurança pública que atendesse as necessidades da população.

Coincidentemente, passados dezoito anos este conceito fora difundido e enraizado no atual Centro de Formação em Segurança Urbana, que é facilmente constatado nas disciplinas de Direitos Humanos, Direito Constitucional e Direito Penal.

A defesa da vida como maior bem a ser tutelado pelo Estado prevalece, com pequenas ressalvas sobre a importância da propriedade, pois nem todo ser humano seria detentor de sua própria vida, exemplificado pelo trabalho escravo, tráfico de pessoas, miséria, regimes totalitários e as guerras. Isoladamente, surge a defesa da dignidade humana como maior princípio constitucional a ser preservado.

Ouso propor que o maior bem a ser tutelado pelo Estado é a paz, infelizmente este conceito sofre deturpações, que o utilizam para justificar violações dos princípios estabelecidos em suas constituições e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Na obra “A luta pelo Direito” de Rudolf Von Ihering temos:

“A paz é o fim que o direito tem em vista, a luta é o meio de que serve para o conseguir. Por muito tempo pois que o direito ainda esteja ameaçado pelos ataques da injustiça – e assim acontecerá enquanto o mundo for mundo – nunca ele poderá subtrair-se à violência da luta. A vida do direito é uma luta: luta dos povos, do Estado, das classe, dos indivíduos”.

A Cultura de Paz indica outro caminho, tudo é possível de ser resolvido desde que as partes envolvidas assim o queiram, os conflitos e as guerras surgem da incompreensão do ser humano.

A paz não é sinônimo de ausência de conflitos, mas sim na capacidade de resolvê-los num espírito de cooperação mútua participativa fundamentada no diálogo.
A Organização das Nações Unidas busca fomentar um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida através da Declaração sobre uma Cultura de Paz.

O pioneirismo da Guarda Civil Metropolitana na preservação dos direitos humanos continua, através da preparação de seu efetivo para atuar como mediadores de conflitos junto a sociedade, nas parcerias realizadas com a Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz – UMAPAZ, com os Conselhos Municipais do Idoso, Juventude, Criança e Adolescente, Direitos Humanos, portadores de necessidades especiais e diversidade.

A mediação de conflitos surge como ferramenta para resolução de vários confrontos interpessoais, promovendo aos envolvidos de forma isonômica solução pacificadora, resultante de diálogo e consenso.

A busca pela efetivação da Cultura de Paz requer habilidade de seus defensores no processo de conscientização de todos dos benefícios de uma sociedade harmônica e justa.

Um comentário:

  1. A paz, pequena e singela palavra que expressa uma grandiosidade, é querida por todos, porém sua complexidade é imensa. Baseado nos direitos humanos, digo que esses foram esquecidos ou negligenciados por nós. Pois veja, basta sair às ruas e perceber o quão grande é a multidão de seres órfãos de seus direitos, mínimos até. Esquecidos pela sociedade, à margem dela, marginalizados pelo poder público mais parecem uma raça inferior, pior que isso, de outro mundo, um mundo que criamos, que cremos não ser o nosso. Acredito que a culpa não está nas instituições e sim em algumas pessoas que as conduzem, sejam elas a nível federal, estadual ou municipal. Parece-me cômodo e por vezes usamos a saída de culpar sempre o outro, tirando a responsabilidade de nossas costas esquecendo que fazemos parte da sociedade e por ela somos responsáveis, seja em qual esfera nos situamos. A paz meus caros, depende de cada um de nós, deveria estar em cada um de nós, mas parece não estar e se está, vive inerte dentro de cada um.
    Nós mesmos somos órfãos da paz por que não a praticamos. Portanto sua ausência é culpa do ser humano, que somos nós. Muitos se valem da velha regra do “seu direito termina quando começa o meu”. Em suma, depende de nós!

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