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sábado, 11 de dezembro de 2010

Repensar a Segurança Pública

Autora: Silvana Pereira Marin
Psicologa, Perita credenciada pela Polícia Federal para realizar avaliações para porte de arma de fogo.

Com relação ao artigo "Crise na cidade do Rio de Janeiro. Guarda Municipal desarmada: Será que não é o momento de rediscutir o papel do governo local nas ações de segurança?" exposto pelo Inspetor Marcos Bazzana Delgado, da Guarda Civil Metropolitana da Cidade de São Paulo, concordo quando diz que parte da desordem que se instala atualmente no Rio de Janeiro é também por uma limitação da atuação da Guarda Civil, que se talvez fosse mais efetiva contribuiria com maior ênfase, porém não se pode corrigir uma situação deficiente dessa proporção com atitudes imediatistas, colocando-se em risco a vida de toda uma Corporação e de Munícipes.

Tive a honra de palestrar no último Congresso Nacional das Guardas sediado pela cidade do Rio de Janeiro e assim conversar com muitos dos guardas que ali se encontravam e percebi que além de hospitaleiros, profissionais dedicados, integrados, interessados no auto aprimoramento, orgulhosos do uniforme e da instituição que representam, demonstraram intenção e vontade de portar arma, mas que também apresentavam consciência das implicações que um armamento carrega.

Não é por acaso ou por capricho dos órgãos competentes que há todo um ritual necessário quando se opta por armar uma Guarda. Os integrantes passam por um treinamento específico que dura aproximadamente quatro meses e que são realizados em centros de formação geralmente dentro das próprias Instituições. Esses centros de formação são equipados e possuem profissionais capacitados e credenciados pelos órgãos competentes e dentre esses há profissionais treinados, habilitados e credenciados pela Policia Federal para atuarem como instrutores de tiro.

Tudo dentro do mais rigor possível para que o agente de segurança em questão possa sair do centro de formação com capacidade suficiente de atuar com segurança.

Depois de formado esse Guarda que formalmente encontra-se pronto para atuar armado nas ruas, nunca vai sozinho, sempre está acompanhado de um outro Guarda armado, com maior experiência, para que o mesmo consiga se habituar ao trabalho de rua, adquirir treino e condições de em uma situação onde seja necessário o uso do armamento o faça consciente, com clareza de raciocínio, que mantenha preservada sua capacidade de análise e julgamento da situação e principalmente em condições emocionais satisfatórias.

Analisaremos a Guarda de São Paulo, já que foi essa a comparação usada pela quantidade de agentes existentes em ambas. A guarda Civil Metropolitana é armada desde sempre. Quando se presta um concurso para ingresso na Guarda já se sabe que irá trabalhar armado, a população já sabe que a Guarda é armada, os integrantes da Guarda passam por treinamento específico e avaliação psicológica periódica para manter-se armada. Essa é a diferença entre as guardas armadas e as não armadas, segundo meu ponto de vista

Posto isso e diante do quadro que se encontra atualmente a cidade do rio de janeiro, seria imprudência pensar em armar uma Guarda que historicamente não possui experiência em atuações armadas e que provavelmente vem sofrendo um abalo emocional, assim como toda a população. Não podemos nesse momento tão delicado, sermos imediatista e tomar medidas impulsivas, pois mais vidas seriam colocadas em risco desnecessariamente.

Concordo com o Inspetor quando diz que a função da Guarda Civil é a de proteger pessoas e preservar a ordem e que com o armamento a função “proteção” fica em algumas situações mais eficaz, contudo há de se considerar que proteger pessoas não necessariamente significa Guarda Armada, é uma das maneiras de proteção, de atuação, mas não exclusivamente. Nesse ponto discordo do Inspetor, pois como a Guarda do Rio de Janeiro possui um histórico de não armamento, sua função de proteger pessoas é feita de maneira à prevenção, de mediadora, de orientadora, enfim de diversas maneiras necessárias e nobres, onde o uso do armamento não se faz necessário, e nesse momento de crise, uma das maiores, mais graves e mais longas da história da cidade, colocar armamento em profissionais que possivelmente encontram-se com um nível de stress elevado, de tensão, de pressão constante, onde a insegurança e o medo estão generalizados, só causaria mais transtornos, pois o homem já desgastado pela situação atual poderia se vestir de coragem e impor sua autoridade de maneira desenfreada, ou simplesmente não conseguir se ver com esse armamento e vir a prejudicar alguma atuação mais incisiva que se fizesse necessária no momento, colocando novamente em risco sua própria vida, a vida dos parceiros e a vida da população.

Tem-se muito que refletir e fazer sobre esse assunto, e eu como uma estudiosa do comportamento humano, sei que armar uma guarda é responsabilidade grande demais e deve ser feita sim, mas de maneira inteligente, calculada, com tempo hábil para se treinar e preparar emocionalmente o profissional para que possa atuar de maneira mais efetiva no auxílio à proteção da população.

Há sim que se repensar urgentemente políticas internas na área de Segurança Pública para o Rio de Janeiro e para o País, no intuito de se conter esse aumento desenfreado da criminalidade e se tomarem ações conjuntas para se profissionalizar mais as Guardas, para se unificar condutas de atuação das mesmas, para uma melhora no reconhecimento do trabalho tão importante que essa categoria presta para o país e que muitas vezes não é valorizada como merece. Nesse momento me refiro a se profissionalizar, a se especializar, sendo o porte de arma uma parte desse processo de profissionalização, mas não o único.

10 comentários:

  1. Mais uma aventureira, que nunca enfrentou o crime de perto,escrevendo fórmula mágica, no máximo foi vítima, se o foi, opnião desnecessária e inoportuna, talvez minha senhora se fosse submetida aos exames para ser uma agente de segurança não seria aprovada, repense sua escrita, enquanto propostas lunáticas em termos agentes desarmados, o crime organizado está instalado em nosso redor.

    É muito difícil proteger quem não quer ser protegido....

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  2. Senhor Elton,

    desde quando segurança pública é exclusividade da polícia?

    A sociedade civil deve sim participar de tais discussões, não foi a população que armou o crime, mas sim a omissão do estado, que não são poucos, se alguém tem que repensar no que escreveu é o senhor.

    Parabéns pela ótima abordagem da autora, temos que repensar sim a segurança pública e não ficar perdendo tempo com a cor do uniforme.

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  3. Não acredito que é da forma que se portou o colega acima que se constroi uma idéia.

    O debate é salutar, nele aprendemos mesmo com opniões contrárias.

    Se queremos alçar as Guardas Municipais a patamares maiores devemos aprender com todos.

    Mesmo discordando de meu posicionamento, creio que muito do que foi escrito pela Doutora Silva deve ser levado em consideração.

    Ela pode não sair nas ruas para enfrentar a criminalidade, mas enfrenta os males que assolam muitos dos Guardas Municipais de inúmeras cidades, incluindo a de São Paulo, quando ficam abalados pelos percalços da profissão. Tem ajudados muitos homens e mulheres a prosseguir na labuta, e isso já é o bastante para colaborar com a segurança pública. É o suporte que todos nós preciamos em nossa vida profissional!

    Parabéns!

    Marcos Bazzana Delgado
    Inspetor GCM/SP

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  4. Enquanto ficarmos abaixando a cabeça para essas opniões, são opniões e nada mais, pois não há qualquer fundamento, a GM RJ e similar a CET paulistana, portanto ao inserí-la como força de segurança não há como concebê-la sem armamento.

    Evidente que deve haver mecanismos para a participação da sociedade em questão de segurança, mas jamais em sua utilização de armamento, que tipo de equipamento, plano de carreira, uniforme.

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  5. Tem coisas q concordo com a autoras, mas há diversas informações que foi postada que não tem nexo. Falar é fácil, o difícil é fazer.

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  6. Vejamos este trecho na postagem da nobre colega -Silvana Pereira Marin:

    "-Tem-se muito que refletir e fazer sobre esse assunto, e eu como uma estudiosa do comportamento humano, sei que armar uma guarda é responsabilidade grande demais e deve ser feita sim, mas de maneira inteligente, calculada, com tempo hábil para se treinar e preparar emocionalmente o profissional para que possa atuar de maneira mais efetiva no auxílio à proteção da população..."

    Ficou claro quando a doutora disse que concorda em armar as Guardas, desde que haja treinamento, preparo, capacitação e responsabilidade.

    Doutora Silvana Pereira, a senhora foi perfeita nas suas colocações, pois realmente devemos preparar e qualificar as Guardas com toda cautela e responsabilidade para que utilizem armamento e façam também a proteção das "pessoas", além de bens, serviços e instalações. É o que queremos, é o que o país precisa.

    Se é possível recrutar, dar treinamento e qualificação à um cidadão comum e transformá-lo em policial civil, militar, federal e até em membro das forças armadas, acredito ser perfeitamente possível ou até mais facilmente possível, dar o devido treinamento e qualificação para qualquer Guarda Municipal.

    Diga-se de passagem, é fácil perceber que quando há vontade política tudo é possível, inclusive juntar todas as instituições policiais e forças armadas para reduzir os índices de criminalidade no Rio de Janeiro ou em qualquer outro lugar do nosso Brasil.
    Aldo Fernandes.

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  7. Treinamento para o agente de segurança e comprometimento do poder público é o começo de qualquer ação para enfrentar a crise referente a segurança pública. Precisamos refleitr, conversar, discordar...só assim amadurecemos nas idéias e agregamos conhecimento. É pertinente toda a discussão, no final das contas veremos que acrescer ou não armas para o uso do efetivo das Guardas Municipais é só uma questão de tempo.
    Parabéns Dra. Silvana, seu artigo vem mais uma vez provocar discussões necessárias para o avanço das instituições de segurança.

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  8. Na minha opinião se um município tem interese,nescessidade e condições de treinar e armar sua guarda,não vejo porque não.Não concordo com a Doutora: Silvana quando disse que São Paulo já foi criada armada e o povo já está acostumado. Talvez ela não saiba mas muitas guardas foram criadas desarmadas e hoje,são principais protetoras de seus municípios.Só informando esse mês a guarda de Barra Mansa-rj,passa á trabalhar armada e tomara que seja um tampulim para as demais.

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  9. Lamentável a postura de alguns agentes de segurança, a sociedade pode tão somente opinar, que decide os rumos são as instituições de segurança, que hoje, infelizmente todo mundo manda.

    precisamos repensar a postura de muita gente

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  10. PROFESSOR JOÃO ALEXANDRE21 de fevereiro de 2011 às 21:17

    Armar ou desarmar é um detalhe técnico importatntíssimo. Porém devemos pensar no preparo do homem que portará essa ferramenta de trabalho, de modo que possa utiliza-la não como único e principal recurso.

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